Por que os Reajustes no Frete não Acompanharam os Aumentos dos Custos? Quais as previsões para o cenário de 2024?
Nos últimos anos, foram inúmeros os desafios enfrentados por todo o setor de transporte rodoviário, incluindo a pandemia de COVID-19 que redefiniu a forma que atuamos.
Embora este tenha sido mais um desafio superado, mantido em constante recuperação e realmente melhorado o cenário no último ano, não foi o suficiente para recompor a defasagem acumulada no setor de transportes de cargas nos últimos anos, e falaremos um pouco mais sobre as razões a seguir.
Defasagem no setor
Entender a complexidade por trás dessa desigualdade entre os reajustes no frete e os aumentos dos custos é crucial para navegarmos nessas águas turbulentas. Uma série de fatores contribuiu para esse desequilíbrio, desde flutuações nos preços dos combustíveis até mudanças regulatórias e o próprio dinamismo do mercado.
Uma última pesquisa realizada pelo DECOPE da NTC&Logística, indicou uma defasagem média no TRC (Transporte Rodoviário de Cargas) de 8,5%, sendo de 9,6% no transporte de carga fracionada e de 7,6% na carga lotação.
A instabilidade e o aumento dos custos de insumos para o setor foi um fator crucial para contribuir para este acontecimento, que acaba impactando a rotina não só do caminhoneiro e transportador, mas também do consumidor final.
Em 2023, por exemplo, o combustível sofreu uma queda de, em média, 7,3%, mas em compensação, mesmo com essa redução, ainda acumula um aumento de 57% dos últimos 3 anos. Outros pilares do transporte, como mão de obra e valor do veículo, também tiveram um significativo aumento.
Defasagem média no TRC (Transporte Rodoviario de Cargas)* |
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Veículo |
Mão de Obra |
Combustível |
12 meses |
||
+20,6% |
+8,4% |
-7,3% |
24 meses |
||
+41% |
+19,3% |
+4,5% |
36 meses |
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+95% |
+35,6% |
+57,1% |
*Dados disponibilizados pela NTC&Logística
O Índice Nacional de Custos de Transporte – INCT, que mede a inflação no setor, indica uma situação semelhante de defasagem, porém embora o valor fique semelhante no período de até 24 meses, comparando com o acumulado dos 36 meses, a diferença é grande. Lado a lado com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, nota-se que há um grande desafio no setor de transporte e que esses custos não necessariamente são repassados ao consumidor final.
em |
IPCA |
INCTL (lotação) |
INCTF (fracionada) |
12 meses |
4,6% |
5,1% |
3,4% |
24 meses |
10,7% |
21,6% |
12,9% |
36 meses |
2,8% |
55,2% |
33,8% |
Ao juntar todos esses dados e números, é compreensível que mesmo após um último ano melhor, ainda há uma longa jornada, porém possível de ser trilhada a caminho da saída desta zona de defasagem e rumo a uma estabilidade e crescimento rentável
Para tudo há uma esperança, e o setor de transportes permanece firme e comprometido em uma recuperação total para se fortalecer economicamente. Podemos buscar oportunidades de inovação e eficiência. Talvez seja hora de reavaliar nossos processos de logística, explorar novas parcerias ou investir em tecnologias que possam otimizar nossas operações.
É também uma oportunidade para nos conectarmos mais profundamente com nossos clientes, compartilhando nossa jornada e convidando-os a fazer parte da solução. A transparência e a comunicação aberta são essenciais em tempos de desafio.
Apesar do cenário desafiador, há perspectiva de tempos mais tranquilos à espera de todo o setor de transportes rodoviários, pois em 2024 a previsão final é de um mercado estável e aberto para novos negócios.
Esta previsão traz mais otimismo, pois além da estabilidade, ainda é previsto um pequeno aumento de demanda para o setor, já que a variação do PIB influencia diretamente neste fator e o TRC cresce ou decresce de 2 a 3 vezes esta variação.
Sendo assim, este ano apresenta condições excelentes para o transportador zerar esse déficit do frete e construir um valor certo e justo a ser cobrado do consumidor por esse trabalho tão necessário e desafiador que concretizamos.