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Lucas Mendes assumiu este ano como presidente e diretor-geral da Michelin Connected Fleet LATAM. Antes, foi vice-presidente de expansão. Sob a sua liderança, a empresa ampliou com sucesso sua presença global.

Leia abaixo sua entrevista para o Bate-Papo Empresarial, da revista SETCESP:

Além da marca, o que mais mudou quando a Sascar virou a MICHELIN Connected Fleet?

Fazemos parte do Grupo Michelin desde 2014. A aquisição integra a estratégia do grupo em diversificar seu negócio, atuando não só em pneus, mas em torno e além deles. Isso aconteceu também em outros continentes com a aquisição de empresas de tecnologia para gestão de frotas ao longo do tempo.

Em 2022, como parte da unificação das frentes de serviços e soluções, passamos a atuar na América Latina sob a marca MICHELIN Connected Fleet Powered by Sascar, seguindo a estratégia do grupo de utilização da nova marca globalmente e que já está em 17 países com fortes planos de expansão. Portanto, a mudança de marca foi o caminho natural dessa parceria, que já completa uma década.

As tecnologias desenvolvidas pela MICHELIN Connected Fleet LATAM, antes Sascar, contribuem fortemente para a estratégia do grupo. Dessa forma, as soluções hoje desenvolvidas na América Latina estão sendo exportadas, com presença em todos os países em que a MICHELIN Connected Fleet atua. Da mesma forma, essa integração das empresas, que culminou com a integração de marca, também nos possibilita incorporar no portfólio local as soluções desenvolvidas em outros territórios, como Estados Unidos e Europa.

Como é possível viabilizar o acesso às novas tecnologias para as empresas de menor porte do setor?

Entendemos o papel fundamental da tecnologia para viabilizar um transporte mais seguro em nossas rodovias. Dessa forma, nós temos como missão não apenas democratizar o acesso a essa tecnologia, mas também atuar juntamente dos nossos clientes na forma de como aproveitar a tecnologia em seu potencial máximo.

Contamos com um portfólio amplo em que podemos atuar em todas as necessidades de nossos clientes em um só lugar. Nos propomos a entregar isso independentemente do tamanho da empresa – atuamos em todo ecossistema, do embarcador ao caminhoneiro autônomo.

Para atender esse público de empresas de menor porte, contamos com times especializados e canais dedicados que estudam as necessidades e as características para entregar uma solução que ao mesmo tempo proporcione a melhor gestão da sua frota, mas que também seja acessível dentro do seu modelo de negócio.

Nosso time está treinado para dar atendimento consultivo customizado para juntos evoluirmos na gestão da sua frota com nossas soluções, sejam elas mais simples ou mais sofisticadas, dependendo do desafio do cliente.

Temos como missão poder ajudar nossos clientes de menor porte a ter uma operação sustentável e com riscos mitigados, pois sabemos que algumas situações, como por exemplo acidentes, podem gerar altos custos e potencialmente inviabilizar a continuidade do negócio.

O que temos de novidade na área de prevenção de acidentes?

Buscamos ser um parceiro que endereça os principais pontos de dor dos nossos clientes e obviamente, dado os desafios logísticos no Brasil, sabemos que a prevenção de acidentes é um dos desafios mais latentes na indústria. Dito isso, estamos evoluindo nossas soluções constantemente para apoiar nossos clientes nessa jornada.

Como exemplo disso, podemos citar a nossa solução de videotelemetria, que através do uso de inteligência artificial, relaciona os dados que indicam situações de risco, capturados pela telemetria e trazem a gravação do que está acontecendo no exato momento do evento. Essa tecnologia reduz tombamentos e acidentes causados por frenagem ou aceleração bruscas, alertando o motorista na cabine e dando um panorama claro ao gestor do que está acontecendo na operação. É uma visão integrada que atua imediatamente ao momento da ocorrência e posteriormente com ações corretivas para melhorar os hábitos ao volante com evidências do que ocorreu.

Como podem perceber, atuamos em duas vertentes: alertas preventivos dentro da cabine, mas também insights através de reports estruturados para que o gestor da frota tome decisões mais assertivas e baseadas em dados, como treinamentos e outros planos de ação.

Como a inteligência artificial e a automação estão impactando a segurança rodoviária e quais são as perspectivas para o desenvolvimento dessas tecnologias no futuro?

A IA está transformando o setor de transporte de carga, melhorando o atendimento ao cliente, otimizando a logística e o gerenciamento da cadeia de suprimentos, aprimorando as medidas de segurança e prevenção e abrindo caminho para operações preditivas e eficientes. O papel do gestor segue sendo fundamental, já que as premissas definidas por ele são essenciais para que a IA traga as políticas e cenários buscados pelos clientes.

Quando falamos de ciência de dados, a escalabilidade dos insights gerados está totalmente associada à IA, que pode “ler” situações cada vez mais complexas e crescentemente enriquecidas. Um exemplo é a árvore decisória por meio de imagens, que classifica a criticidade da situação potencialmente perigosa de forma automatizada, possibilitando assim uma melhor tomada de decisão pelo gestor.

As empresas de transporte estão preparadas para reduzir riscos?

Nós acompanhamos o mercado e as necessidades dos nossos clientes constantemente e percebemos que esse tema de gestão de risco faz parte da agenda da maioria das empresas. Portanto, é nítida a evolução que tivemos nos últimos anos, porém, há muito o que se fazer. Muitas empresas ainda não sabem por onde começar, qual solução utilizar, mas também quais processos implementar. Quando falamos em risco no segmento logístico, a gravidade não se restringe apenas à preservação dos ativos, mas também envolve preservação de vidas, a sustentabilidade do planeta e a reputação das empresas atuantes nesse setor.

Uma das oportunidades que enxergamos é fomentar as conexões entre as empresas que atuam com TRC, como por exemplo o Fórum Nacional de Segurança Rodoviária, que reuniu diferentes atores do ecossistema para discutir o tema e compartilhar boas práticas. Essa é uma das ações que enxergamos para as empresas poderem se especializar mais na gestão de risco de suas operações.

O transporte logístico é desafiador e os números são impressionantes, como por exemplo uma perda estimada de R$12 bilhões somente em acidentes, isso sem contar o prejuízo gerado por roubos e furtos.

Os embarcadores têm papel fundamental para unir-se aos transportadores e desenvolver políticas e processos que reduzem esse nível de perda. E é aí que a gente entra: oferecendo tecnologias de ponta com um time de especialistas pronto para mostrar o caminho a ser percorrido.

Quais as perspectivas de mercado da MICHELIN Connected Fleet para os próximos dez anos?

Mais uma vez, sabemos que a tecnologia tem papel fundamental na evolução do mercado de transporte. Portanto, as nossas perspectivas para os próximos anos são bastante promissoras, considerando a rápida e crescente evolução tecnológica que vem ocorrendo, como por exemplo machine learning e inteligência artificial. Nossa missão é e será apoiar os nossos clientes em direção a uma operação com zero acidente, zero emissão e maior produtividade. Dessa forma, entendemos que a usabilidade e aplicabilidade de tecnologia no transporte se tornará cada vez mais essencial para poder fazer uma boa gestão de frotas.

Notamos que algumas tendências tecnológicas vieram para ficar, como tomada de decisão baseada em dados com insights e a utilização de inteligência artificial nesse processo decisório. Vemos cada vez mais nossas aplicações avançando para ser muito mais preventivo e preditivo, afinal, nossa missão é alcançarmos zero acidente e zero emissão junto dos nossos clientes proativamente e transformar o ecossistema do transporte.

Não podemos deixar de destacar o nosso compromisso com a agenda ESG, onde percebemos que as empresas, além de se manterem rentáveis, terão que endereçar esse tema de maneira propositiva. Entendemos que a MICHELIN Connected Fleet terá um papel fundamental nesse tema nos próximos anos. Atualmente, já contamos com dashboards que monitoram a emissão de CO2 dos nossos clientes, ajudando a controlar em tempo real sua pegada de carbono e traçar planos de ação para reduzir. Como podem ver, está em nosso DNA não apenas inovar constantemente, entregando soluções de valor agregado ao nosso cliente, mas também garantir que contribuam com um planeta mais sustentável.

O que deixa um executivo satisfeito, além dos resultados?

Além dos resultados, há diversos aspectos que me deixam muito satisfeito como executivo da MICHELIN Connected Fleet. Estar à frente de uma empresa cujo propósito é desenvolver soluções que apoiam caminhoneiros a voltarem em segurança para suas famílias e que ao mesmo tempo ajudam milhares de empresas a manterem sua operação viva, saudável, mais produtiva e sustentável nos enche de orgulho – não só a mim, mas a todo nosso time que trabalha incansavelmente com a missão de promover uma mobilidade mais sustentável.

O que queremos construir é um legado onde o transporte siga na direção de ter zero acidente, zero emissão e eficiência em seu potencial máximo.